Denotação e Conotação
Sabe-se que não há associação necessária entre significante (expressão gráfica, palavra) e
significado, por esta ligação representar uma convenção. É baseado neste conceito de signo lingüístico (significante + significado) que se constroem as noções de denotação e conotação.
significado, por esta ligação representar uma convenção. É baseado neste conceito de signo lingüístico (significante + significado) que se constroem as noções de denotação e conotação.
O sentido denotativo das palavras é aquele encontrado nos dicionários, o chamado sentido verdadeiro, real. Já o uso conotativo das palavras é a atribuição de um sentido figurado, fantasioso e que, para sua compreensão, depende do contexto. Sendo assim, estabelece-se, numa determinada construção frasal, uma nova relação entre significante e significado.
Os textos literários exploram bastante as construções de base conotativa, numa tentativa de extrapolar o espaço do texto e provocar reações diferenciadas em seus leitores.
Ainda com base no signo lingüístico, encontra-se o conceito de polissemia (que tem muitas significações).
Algumas palavras, dependendo do contexto, assumem múltiplos significados, como, por exemplo, a palavra ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz ... Neste caso, não se está atribuindo um sentido fantasioso à palavra ponto, e sim ampliando sua significação através de expressões que lhe completem e esclareçam o sentido.
Como Ler e Entender Bem um Texto
Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e de reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve ser feita de maneira cautelosa por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta leitura, extraem-se informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se o próximo nível de leitura. Durante a interpretação propriamente dita, cabe destacar palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma palavra para resumir a idéia central de cada parágrafo. Este tipo de procedimento aguça a memória visual, favorecendo o entendimento.
Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjetiva, há limites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a fim de responder às interpretações que a banca considerou como pertinentes.
No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele texto com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momentos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida. Aqui não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência bibliográfica da fonte e na identificação do autor.
A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras como não, exceto, errada, respectivamente etc. que fazem diferença na escolha adequada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do "mais adequado", isto é, o que responde melhor ao questionamento proposto. Por isso, uma resposta pode estar certa para responder à pergunta, mas não ser a adotada como gabarito pela banca examinadora por haver uma outra alternativa mais completa.
Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmento do texto transcrito para ser a base de análise. Nunca deixe de retornar ao texto, mesmo que aparentemente pareça ser perda de tempo. A descontextualização de palavras ou frases, certas vezes, são também um recurso para instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a posterior para ter idéia do sentido global proposto pelo autor, desta maneira a resposta será mais consciente e segura.
Há, ainda, uma aproximação ao gênero épico: à medida que o livro narra, em trechos fragmentados, a vida de um personagem que simboliza uma nação. Sobre a acepção musical dada pelo dicionário, chama atenção o improviso da narrativa, que impressiona e surpreende a cada momento, tendo como pano de fundo a cultura popular.
ANÁLISE
LITERÁRIA
Obra:MACUNAÍMA
AUTOR: Mário de
Andrade
Enquadramento
estilístico:1ª fase modernista- fase heróica
Personagens:
Foco narrativo: 3ª
pessoa
TEMPO E ESPAÇO: Por tratar-se de uma narrativa mítica, o
tempo e o espaço da obra não estão precisamente definidos, tendo como base a
realidade. Pode-se dizer apenas que o espaço é prioritariamente o espaço
geográfico brasileiro, com algumas referências ao exterior, enquanto o tempo
cronológico da narrativa se mostra indefinido.
Enredo:
Macunaíma nasceu numa tribo
amazônica. Lá passa sua infância, mas não é uma criança igual as outras do
lugar. É um menino mentiroso, traidor, pratica muitas safadezas, fala muitos
palavrões, além de ser extremamente preguiçoso. Tem dois irmãos, Maanape e
Jiguê.
Vai vivendo assim a sua meninice.
Cresce e se apaixona pela índia Ci, A Mãe do Mato, seu único amor, que lhe deu
um filho, um menino morto. Depois da morte de sua mulher, Macunaíma perde um
amuleto que um dia ela havia lhe dado de presente, era a pedra
"muiraquitã". Fica desesperado com esta perda, até que descobre que a
sua muiraquitã havia sido levada por um mascate peruano, Vesceslau Pietra, o
gigante Piamã, que morava em São Paulo. Depois da descoberta do destino de sua
pedra, Macunaíma e seus irmãos resolvem ir atrás dela para recuperá-la. Piamã
era o famoso comedor de gente, mas mesmo assim ele vai atrás de sua pedra.
A história, a partir daí, começa
a discorrer contando as aventuras de Macunaíma na tentativa de reaver a sua
"muiraquitã" que fôra roubada pelo Piamã, um comerciante. Após
conseguir a pedra, Macunaíma regressa para a sua tribo, onde após uma série de
aventuras finais, finalizando novamente na perda de sua pedra. Então, ele desanima,
pois sem o seu talismã, que, no fundo, é o seu próprio ideal, o herói reconhece
a inutilidade de continuar a sua procura, se transforma na constelação Ursa
Maior, que para ele, significava se transformar em nada que servisse aos
homens, por isso, vai parar no campo vasto do céu, sem dar calor nem vida a
ninguém.
Análise: Publicado em 1928, numa tiragem de apenas oitocentos
exemplares (Mário de Andrade não conseguira editor), Macunaíma, o herói
sem nenhum caráter, é uma das obras pilares da cultura
brasileira.
Numa narrativa fantástica e picaresca, ou, melhor dizendo, “malandra, Mário de Andrade reelabora literariamente temas de mitologia indígena e visões folclóricas da Amazônia e do resto do país, fundando uma nova linguagem literária, saborosamente brasileira. Foi uma obra revolucionária na medida em que desafiou o sistema cultural vigente, propondo, através de uma nova organização da linguagem literária, o lançamento de outras informações culturais, diferentes em tudo das posições mantidas por uma sociedade dominada até então pelo reacionarismo e o atraso cultural generalizado.
Numa narrativa fantástica e picaresca, ou, melhor dizendo, “malandra, Mário de Andrade reelabora literariamente temas de mitologia indígena e visões folclóricas da Amazônia e do resto do país, fundando uma nova linguagem literária, saborosamente brasileira. Foi uma obra revolucionária na medida em que desafiou o sistema cultural vigente, propondo, através de uma nova organização da linguagem literária, o lançamento de outras informações culturais, diferentes em tudo das posições mantidas por uma sociedade dominada até então pelo reacionarismo e o atraso cultural generalizado.
No livro Macunaíma,
encontramos a ausência de vírgulas, numa série enumerativa, normalmente se
referindo às riquezas brasileiras. A ruptura da sintaxe e da pontuação que é
uma característica do modernismo. Quando Mário de Andrade eliminou as vírgulas,
ele estava usando o recurso do futurismo e ao mesmo tempo acrescentando a
imaginação poética, que é a decodificadora das intenções poéticas, pois quem lê
decodifica o pensamento.
Nacionalista crítico, sem xenofobia, Macunaíma é
a obra que melhor concretiza as propostas do movimento da Antropofagia (1928),
criado por Oswald de Andrade, que buscava uma relação de igualdade
real da cultura brasileira com as demais. Não a rejeição pura e simples do que
vem de fora, mas consumir aquilo que há de bom na arte estrangeira. Não
evitá-la, mas, como um antropófago, comer o que mereça ser
comido.
O tom bem humorado e a inventividade narrativa e lingüística fazem de Macunaíma uma das obras modernistas brasileiras mais afinadas com a literatura de vanguarda no mundo, na sua época. Nesse romance encontram-se dadaísmo, futurismo, expressionismo e surrealismo aplicados a um vasto conhecimento das raízes da cultura brasileira. além de relatar inúmeros mitos recolhidos e diversas fontes populares, Mário de Andrade também inventa, de maneira irônica, vários mitos da modernidade. Apresenta, entre outros, os mitos da criação do futebol, do truco, do gesto da “banana” ou do termo “Vá tomar banho!” Há, em Macunaíma, portanto, além da imensa pesquisa, muita invenção. ironiza o povo de São Paulo, que fala em uma língua e escreve em outra. Além disso, não existe verossimilhança realista.
O tom bem humorado e a inventividade narrativa e lingüística fazem de Macunaíma uma das obras modernistas brasileiras mais afinadas com a literatura de vanguarda no mundo, na sua época. Nesse romance encontram-se dadaísmo, futurismo, expressionismo e surrealismo aplicados a um vasto conhecimento das raízes da cultura brasileira. além de relatar inúmeros mitos recolhidos e diversas fontes populares, Mário de Andrade também inventa, de maneira irônica, vários mitos da modernidade. Apresenta, entre outros, os mitos da criação do futebol, do truco, do gesto da “banana” ou do termo “Vá tomar banho!” Há, em Macunaíma, portanto, além da imensa pesquisa, muita invenção. ironiza o povo de São Paulo, que fala em uma língua e escreve em outra. Além disso, não existe verossimilhança realista.
além de indolente, conduz a maioria de seus atos movido pelo
prazer terreno, mundano. É “o herói sem nenhum caráter”.
Linguagem
A linguagem é metafórica e postiça para a comunicação
diária. No plano das aparências, esta primitividade é que adere a civilização
urbana, mas no plano das intenções, Mário de Andrade satiriza a linguagem
através de Macunáima, devido ao seu desajuste apresentando um propósito de
colocar em ridículo a norma culta que não corresponde a realidade brasileira e
sim à realidade Portuguesa.
No livro Macunaíma, encontramos a ausência de vírgulas, numa
série enumerativa, normalmente se referindo às riquezas brasileiras. A ruptura
da sintaxe e da pontuação que é uma característica do modernismo. Quando Mário
de Andrade eliminou as vírgulas, ele estava usando o recurso do futurismo e ao
mesmo tempo acrescentando a imaginação poética, que é a decodificadora das
intenções poéticas, pois quem lê decodifica o pensamento.
ANÁLISE CRÍTICA:
Este romance é escrito depois da Semana de Arte Moderna e
está dentro da história da Literatura Brasileira na 1ª geração modernista que
caracteriza com a preocupação da ruptura, rejeição da herança do passado.
Na mitologia indígena, tudo se transforma em alguma coisa,
pois a morte não é encarada com o desaparecimento total. Já o modernismo
pregava a modernidade, a liberdade de expressão, contestação do passado, pois o
passado é apenas uma simples imitação do que lhes foram impostas. Há também o
aparecimento da antropofagia através do personagem, Piamã, comedor de gente.
Macunaíma é um romance nacionalista. Neste livro, a ausência
de vírgulas e pontuação, é uma influência das vanguardas européias, causando
efeito melódico e era o que pretendiam alcançar.
Mário de Andrade tentou explorar na Literatura uma idéia
obsessiva, de modo que a superposição de 2 signos, formaria outro signo
(música).
Nesta obra, apresenta o aspecto, do princípio que é o
indianismo "Herói de nossa gente", semelhança com José de Alencar em
Iracema.
O autor deixou indefinido o espaço e o tempo em que se passa
a ação. A literatura moderna queria a origem popular e o apego as lendas não só
com palavras, mas também com o modo de expressar: "No fundo do Mato-
Virgem", expressão "fundo" designa fazenda, que é uma
nomenclatura de onde ainda não penetrou a civilização, estando sem contato com
a raça invasora.
O nome Macunaíma, que significa o grande mal, coisa ruim, já
é o primeiro dado da sátira, de crítica, mas por outro lado tem "Herói de
nossa gente", com tom profético ironizando, pois Cristo é o salvador. Isso
aparece como um visão de um herói pícaro ou de um herói às avessas, pois a
caracterização dos heróis em outras obras são lindos, belos e perfeitos e já em
Macunaíma, os seus defeitos estão mais exaltados, ou seja, mais evidentes do
que as suas qualidades.
A cor preta é insólito, ou seja, não é comum, devido ao fato
de Macunáima não ser um índio comum. Quando Mário de Andrade retrata Macunaíma
sendo de cor preta, ele conta a história brasileira, devido a fuga dos escravos
que se misturaram com os índios, resultando no índio negro.
CONCLUSÃO
Macunaíma é uma obra que busca sintetizar o caráter brasileiro, segundo as convicções da primeira fase modernista. Uma leitura possível é a de que o povo brasileiro não tem um caráter definido e o Brasil é um país grande como o corpo de Macunaíma, mas imaturo, característica que é simbolizada pela cabeça pequena do herói.
Macunaíma é uma obra que busca sintetizar o caráter brasileiro, segundo as convicções da primeira fase modernista. Uma leitura possível é a de que o povo brasileiro não tem um caráter definido e o Brasil é um país grande como o corpo de Macunaíma, mas imaturo, característica que é simbolizada pela cabeça pequena do herói.
ENREDO
Macunaíma, índio da
tribo tapanhumas, nasce as margens do rio Uraricoera, na Amazônia. Vive com os
irmãos Maanape e Jinguê, até a morte da mãe, quando os três partem em busca de
aventuras. O herói encontra Ci, Mãe do Mato, rainha das Icamiabas, tribo de
amazonas, faz dela sua mulher e torna-se Imperador do Mato-Virgem. Ci dá à luz
um filho, mas ele morre e ela também, logo em seguida.
Antes de virar estrela no céu, ela dá a Macunaíma um amuleto, a muiraquitã (uma pedra verde em forma de lagarto), que o herói perde e vai parar nas mãos de Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piaimã comedor de gente, que mora em São Paulo.
Macunaíma e seus irmãos descem para a cidade grande para tentar recuperar a muiraquitã. Em São Paulo, assistimos à descoberta da civilização industrial por Macunaíma e suas lutas contra o gigante até recuperar o amuleto. Quando o herói consegue a façanha, retorna para o Uraricoera. Lá, sofrera a perda dos irmãos e a vingança de Vei, a deusa do sol.
Vei havia oferecido a Macunaíma uma de suas filhas em casamento, quando ele visitara o Rio de Janeiro. O herói fez um trato com ela de não andar mais atrás de mulher nenhuma, mas assim que fica sozinho, corre atrás de uma portuguesa.
Para se vingar, no final do livro, Vei faz Macunaíma sentir um forte calor, que desperta seus insaciáveis desejos sexuais; então, lança-o nos braços de uma Uiara, monstro disfarçado de bela mulher que habita o fundo dos lagos. O herói é destroçado e perde definitivamente a muiraquitã. Cansado de tudo, Macunaíma vai para o céu transformado na Constelação da Ursa Maior.
Antes de virar estrela no céu, ela dá a Macunaíma um amuleto, a muiraquitã (uma pedra verde em forma de lagarto), que o herói perde e vai parar nas mãos de Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piaimã comedor de gente, que mora em São Paulo.
Macunaíma e seus irmãos descem para a cidade grande para tentar recuperar a muiraquitã. Em São Paulo, assistimos à descoberta da civilização industrial por Macunaíma e suas lutas contra o gigante até recuperar o amuleto. Quando o herói consegue a façanha, retorna para o Uraricoera. Lá, sofrera a perda dos irmãos e a vingança de Vei, a deusa do sol.
Vei havia oferecido a Macunaíma uma de suas filhas em casamento, quando ele visitara o Rio de Janeiro. O herói fez um trato com ela de não andar mais atrás de mulher nenhuma, mas assim que fica sozinho, corre atrás de uma portuguesa.
Para se vingar, no final do livro, Vei faz Macunaíma sentir um forte calor, que desperta seus insaciáveis desejos sexuais; então, lança-o nos braços de uma Uiara, monstro disfarçado de bela mulher que habita o fundo dos lagos. O herói é destroçado e perde definitivamente a muiraquitã. Cansado de tudo, Macunaíma vai para o céu transformado na Constelação da Ursa Maior.
A obra Macunaíma pode ser classificada
como uma rapsódia, considerando- se dois significados dessa palavra contidos noDicionário
Aurélio: “3. Entre os gregos, fragmentos de poemas épicos cantados pelos
rapsodos. 4. Mús. Fantasia instrumental que utiliza temas e processos de
composição improvisada tirados de cantos tradicionais ou populares”.
Há, ainda, uma aproximação ao gênero épico: à medida que o livro narra, em trechos fragmentados, a vida de um personagem que simboliza uma nação. Sobre a acepção musical dada pelo dicionário, chama atenção o improviso da narrativa, que impressiona e surpreende a cada momento, tendo como pano de fundo a cultura popular.
A verossimilhança em questão é surrealista e deve ser lida
de forma simbólica. A cena em que Macunaíma e
seus dois irmãos se banham na água que embranquece pode ser entendida como o
símbolo das três etnias que formaram o Brasil: o branco, vindo da Europa; o
negro, trazido como escravo da África; e o índio nativo. Nessa cena,Macunaíma é
o primeiro a se banhar e torna-se loiro. Jiguê é o segundo, e como a
água já estava “suja” do negrume do herói, fica com a cor de bronze (índio);
por último, Manaape, que simboliza o negro, só embranquece a palma das mãos e a
sola dos pés.
Epílogo
O narrador, aqui, conta que ficou conhecendo a história narrada com o papagaio ao qual Macunaíma havia relatado suas aventuras.
O narrador, aqui, conta que ficou conhecendo a história narrada com o papagaio ao qual Macunaíma havia relatado suas aventuras.
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